Lula sanciona nova Lei ao lado das ministras Marina e Gleise |
O presidente Lula
sancionou nesta terça-feira (3) o Projeto de Lei n.1.958/2021, cuja nova
legislação amplia e atualiza a política de cotas no serviço público
federal, reservando 30% das vagas em concursos e seleções temporárias para
pessoas negras, indígenas e quilombolas.
A lei
recém-sancionada substitui a Lei nº 12.990/2014, que previa 20% das vagas para
pessoas negras (pretas ou pardas). Agora, além de elevar o percentual, a medida
inclui, pela primeira vez, os povos indígenas e a comunidade quilombola,
reconhecendo e buscando corrigir a sub-representação histórica desses grupos no
aparelho estatal.
O presidente
Lula destacou a importância de ver a sociedade brasileira refletida nas
instituições públicas. “É importante permitir que esse país um dia possa ter
uma sociedade com a cara da própria sociedade nas repartições públicas, no
Ministério Público, no Itamaraty, na Procuradoria-Geral, na Receita, em tudo
quanto é lugar”, afirmou o presidente. “Ainda temos poucas mulheres, poucos
negros, quase que nenhum indígena. Isso é resultado de uma briga que precisamos
fazer todo santo dia. Não tem trégua. A luta da humanidade é infinita, ela
nunca termina”.
A medida abrange concursos para cargos efetivos
e empregos públicos na administração pública federal direta, autarquias,
fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista
controladas pela União, além de processos seletivos simplificados para
contratações temporárias.
Participação nos espaços de poder
A nova legislação fortalece as ações
afirmativas ao garantir a participação de pessoas pretas, pardas, indígenas e
quilombolas em espaços de poder, visando reparar a marginalização histórica e
promover maior igualdade de oportunidades. No Brasil, mais de 55% da população
é composta por pessoas pretas ou pardas, um número que não se reflete nas
estatísticas de acesso e ocupação de espaços de poder.
Atualmente, 70,3% dos brasileiros
abaixo da linha de pobreza são pretos e pardos; entre os jovens de 14 a 29 anos
que não completaram o ensino médio, 71,6% são negros. A renda média mensal de
pretos e pardos é cerca de R$ 1.500, enquanto a dos brancos é de cerca de R$
2.800. Nas empresas privadas, cargos de serviços gerais são majoritariamente
ocupados por negros, mas em cargos de liderança, o número cai para 1%.
A Lei nº 12.990, de 2014, já havia
ampliado a política de cotas para concursos públicos federais, garantindo 20%
das vagas para pessoas negras. Embora avanços importantes tenham sido feitos,
com a participação de pessoas negras e indígenas em cargos de liderança no
Executivo federal crescendo 17 pontos percentuais nos últimos 25 anos,
atingindo 39% em ministérios, autarquias e fundações, a sub-representação ainda
persiste.
O biênio 2023/2024 registrou recorde
na presença de mulheres e pessoas negras em cargos de liderança, com o número
de pretos e pardos em cargos de alto escalão subindo de 25% em 2014 para 36% em
2024. Contudo, pessoas negras continuam sub-representadas no serviço público
federal e concentram os menores salários, evidenciando a contínua necessidade
de políticas públicas que promovam igualdade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário