Assembleia Legislativa do Maranhão

domingo, 23 de novembro de 2025

Filhos de Bolsonaro atrapalharam governo, afastaram aliados e anteciparam prisão do pai

Ações desastradas de Eduardo e Flávio levaram ex-presidente mais cedo para a cadeia


Por Bernardo Mello Franco 

Jair Bolsonaro mal havia vestido a faixa quando aliados começaram a reclamar das ações de seus filhos. O primeiro a se queixar em público foi o então ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno. Acabou demitido antes de completar dois meses no cargo.

“Os filhos do presidente atrapalham muito, são o maior problema do governo”, disse Bebianno, poucos meses depois da queda. “São mimados, nunca trabalharam na iniciativa privada, nunca enfrentaram um ambiente de trabalho normal. Sempre mamaram nas tetas do Estado”, acrescentou.

Eleito por um partido de aluguel, Bolsonaro não tinha quadros para montar o governo. Loteou a Esplanada entre militares e permitiu que os filhos Flávio, Carlos e Eduardo interferissem à vontade na gestão federal.

Ao longo de 2019, não foram poucos os aliados que advertiram o capitão para o risco de dar tanto poder aos herdeiros. “O que está desgastando muito o presidente são filhos com mania de príncipes”, disse em outubro o senador Major Olímpio. “Esses moleques precisam de camisa de força. São um risco para o Brasil e para o mandato do presidente”, emendou dias depois a deputada Joice Hasselmann.

Os alertas não convenceram Bolsonaro a reduzir a influência da prole no governo. Ao contrário: ele ampliou o espaço dos filhos e afastou todos os aliados que se queixaram — alguns deles, com requintes de crueldade.

Flávio, o senador, foi promovido a líder informal do governo no Congresso. Carlos, o vereador, ganhou o comando das redes sociais do Planalto. Eduardo, o deputado, quase virou embaixador nos Estados Unidos. Terminou aboletado na liderança do PSL na Câmara, o que deixou mais alguns bolsonaristas insatisfeitos pelo caminho.

A defesa incondicional dos filhos não foi bom negócio para Jair. A cada crise, o então presidente viu aumentarem o desgaste público e o isolamento político. Os herdeiros atrapalharam o governo e afastaram aliados. Agora ajudaram a antecipar a prisão do pai.

Há três meses, a atuação de Eduardo levou o Supremo Tribunal Federal a impor as primeiras medidas cautelares ao capitão. O deputado fugiu para os Estados Unidos e passou a tramar contra as instituições brasileiras. Convenceu a Casa Branca a baixar o tarifaço e presenteou o pai com uma tornozeleira eletrônica — mais tarde convertida em prisão domiciliar.

Nesta sexta, Flávio incitou seguidores a se concentrarem na porta do condomínio de Bolsonaro em Brasília. Em vídeo nas redes sociais, o Zero Um convocou uma “vigília” em favor do pai, que usou ferro quente para tentar se livrar do monitoramento eletrônico. “Com a sua força, a força do povo, a gente vai reagir e resgatar o Brasil desse cativeiro que ele se encontra hoje”, bradou.

O ministro Alexandre de Moraes não quis pagar para ver. Na madrugada de ontem, decretou a prisão preventiva do ex-presidente para a garantia da ordem pública. A decisão equipara as ações da família Bolsonaro às de uma quadrilha. “O vídeo gravado por Flávio Bolsonaro incita o desrespeito ao texto constitucional, à decisão judicial e às próprias instituições, demonstrando que não há limites na organização criminosa na tentativa de causar caos social e conflitos no país”, anotou o ministro.

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