Medidas visam endurecer o combate ao crime organizado no país e inclui propostas como o aumento de penas e a maior possibilidade de confisco de bens
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, entregou na quarta-feira ao Palácio do Planalto um conjunto de medidas, chamadas de “pacote antifacção”, que visa endurecer o combate ao crime organizado no país e inclui propostas como o aumento de penas e a maior possibilidade de confisco de bens. A iniciativa engrossa uma lista de movimentos do governo Lula no enfrentamento à violência com o intuito de reforçar o projeto do presidente à reeleição. Uma das principais preocupações da população, a insegurança também mobiliza os chefes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que buscam priorizar o andamento de propostas na área.
No pacote anunciado por Lewandowski, consta, por exemplo, a criação do
tipo penal de “organização criminosa qualificada”, que prevê pena de até 15
anos de prisão e englobaria facções do tráfico e milícias. Também estão no
texto a hipótese de apreensão e perdimento antecipado de bens e a previsão
legal para infiltrar agentes e empresas fictícias na estrutura das quadrilhas.
O projeto ainda passará pelo crivo do ministério da Casa Civil, de Rui Costa,
antes de ser enviado ao Congresso.
— Estamos fazendo alterações no Código Penal, no Código de Processo
Penal, na Lei dos Crimes Hediondos, na Lei da Prisão Temporária e na Lei de
Execução Penal. Esse é o projeto possível neste momento, fruto de uma longa
discussão com todas as áreas. Nós queremos atacar o crime de forma mais
estruturante — afirmou Lewandowski.
Interlocutores do ministro argumentam que a lei atual que define uma
organização criminosa não se encaixa mais na realidade de cerca de 80 facções
operando no país. Por isso, sugerem atualizar a legislação com a criação da
nova figura penal para combater grupos como Primeiro Comando da Capital (PCC), Comando
Vermelho (CV) e milícias.
Prevaleceu na pasta a ideia de que não se pode caracterizar esses grupos
como máfia nem como organização terrorista. Além do endurecimento da pena para
integrantes dos bandos, Lewandowski destacou a implementação de novos instrumentos
para descapitalizar o crime organizado de “forma mais rápida”.
Em outra frente, o Ministério da Justiça lançou na quarta-feira o
programa Município Mais Seguro, que injeta recursos federais nas guardas
municipais. O investimento deve chegar a R$ 170 milhões, destinados a 215
cidades do país, na sua primeira fase. A pasta vai destinar parte do Fundo
Nacional de Segurança Pública a projetos de gestão, equipamentos e capacitação
das guardas.
—
Este programa chegou no momento mais apropriado, correto, quando o Supremo deu
uma nova função às guardas municipais, que enfrentam a criminalidade, muitas
vezes sem recursos materiais e humanos. Agora, vão ser contempladas — discursou
Lewandowski no lançamento.
A
violência é o tema que mais preocupa 30% dos brasileiros, e vem avançando desde
julho, quando representava o maior receio para 24% da população, segundo
pesquisas Genial/Quaest. A segurança pública está na frente de tópicos como
problemas sociais (18%), economia (16%), corrupção (14%) e saúde (11%).
Nenhum comentário:
Postar um comentário