Por César Soares
Desde a Proclamação da República, em 1889, a
história política do Brasil tem sido marcada por uma sequência de golpes de
Estado, tentativas de ruptura institucional e crises democráticas. Cada um
desses episódios deixou marcas profundas no país e moldou os rumos da nossa
política.
A própria Proclamação, em 1889, foi resultado de
um golpe militar que depôs Dom Pedro II e instaurou a República. Pouco tempo
depois, em 1891, o marechal Deodoro da Fonseca tentou fechar o Congresso, mas
acabou renunciando diante da reação contrária.
A Era Vargas
Em 1930, Getúlio Vargas chegou ao poder após a
deposição de Washington Luís e a anulação da eleição de Júlio Prestes. Sete
anos depois, em 1937, Vargas deu um autogolpe que instaurou o Estado Novo, uma
ditadura que duraria até 1945, quando foi derrubado pelos militares.
De volta ao poder nos anos 1950, Vargas enfrentou
forte pressão para renunciar, mas, em 1954, optou pelo suicídio, frustrando o
golpe que se articulava contra ele.
Crises na Democracia Pós-Vargas
Em 1955, tentativas de impedir a posse de
Juscelino Kubitschek foram contidas por um contragolpe liderado pelo Marechal
Lott. Já em 1961, a renúncia de Jânio Quadros abriu nova crise: setores militares
não aceitavam a posse de João Goulart, que só ocorreu após a adoção do
parlamentarismo.
Ditadura Militar
Em 1964, um novo golpe militar destituiu João
Goulart e instaurou uma ditadura que durou até 1985. O período foi marcado por
repressão política, censura e perseguições.
Nova República e Crises Recentes
Com a redemocratização, acreditava-se que as rupturas teriam ficado no passado. No entanto, crises institucionais voltaram a assombrar o país:
• 2016: o impeachment da
presidente Dilma Rousseff dividiu o Brasil e reacendeu debates sobre
legitimidade.
• 2022: a eleição presidencial foi
marcada por tensões, com discursos de desconfiança no processo eleitoral.
• 2023: no dia 8 de janeiro, atos
violentos em Brasília tentaram impedir a consolidação da democracia,
configurando a mais grave tentativa de golpe desde 1964.
A Importância da Justiça Hoje
Se a história brasileira revela um padrão de
instabilidade e tentativas de ruptura, o presente mostra um desafio decisivo: julgar
e punir os responsáveis pelos ataques contra a democracia. O Supremo
Tribunal Federal, ao conduzir os processos sobre os atos de 8 de janeiro,
cumpre um papel histórico: reafirmar que a democracia não é negociável e que a
impunidade apenas alimenta novos golpes.
O Brasil já pagou caro demais em seu passado por
tolerar aventuras autoritárias. Hoje, mais do que nunca, é essencial que as
instituições atuem com firmeza. A punição dos golpistas não é apenas uma
resposta jurídica, mas um recado claro: a democracia brasileira aprendeu com
sua história e não aceitará retrocessos.
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