Nesse ponto, entra a diferença
essencial entre lixo e resíduo: o conhecimento. Enquanto o lixo é tratado como
algo sem valor, o resíduo pode ser reaproveitado, reciclado e reintegrado à
cadeia produtiva. E quem define esse destino é a nossa capacidade de saber o
que fazer com ele.
Em 2023, o Brasil gerou
aproximadamente 81 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos, dos quais
cerca de 41% foram destinados de forma inadequada, como lixões e aterros
irregulares, segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2024, divulgado
pela Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema).
Especificamente no caso dos
eletroeletrônicos, a taxa de descarte correto ainda é preocupantemente baixa.
Segundo o Global E-waste Monitor 2024, da Organização das
Nações Unidas (ONU), apenas cerca de 3% desses resíduos são descartados de forma
adequada no Brasil. O relatório também aponta que, globalmente, menos de um
quarto dos resíduos eletrônicos gerados é reciclado. A maioria acaba em lixões,
aterros ou, pior ainda, em rios e mares.
Descarte correto
Além disso, o conhecimento impulsiona inovação. A partir dele, surgem tecnologias para reaproveitamento de materiais, modelos de negócios sustentáveis e políticas públicas mais eficazes.
A economia circular, que visa manter os recursos em uso pelo maior tempo possível, é uma das mais promissoras abordagens para mitigar a crise dos resíduos. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) estima que a economia circular possa gerar até US$ 4,5 trilhões em benefícios até 2030, com impactos positivos em geração de empregos, renda e sustentabilidade.
Há ainda um papel fundamental da educação na geração de empregos verdes. Profissionais capacitados para atuar com reciclagem, logística reversa, recondicionamento e design circular estão cada vez mais valorizados. Disseminar conhecimentos sobre resíduos é também preparar as novas gerações para uma economia de futuro.
Na minha perspectiva, ao pensarmos em soluções, é preciso começar pelo básico: ensinar para transformar. Entre as gerações, é necessário mostrar valor onde antes só se via descarte, muitas vezes inadequado. Só assim deixaremos de gerar lixo e passaremos a gerar possibilidades. A mudança começa no conhecimento e se consolida em ação.
Por Robson Esteves – Presidente da ABREE — Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos.
*Meio Ambiente - Sustentabilidade
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