Assembleia Legislativa do Maranhão

segunda-feira, 23 de junho de 2025

Ataque americano e ameaça do Irã: reflexos na economia

 Por Miriam Leitão

Desde o início do conflito entre Israel e Hamas, o que os especialistas da área de petróleo mais temiam era que os ataques fossem estendidos para o Irã e que o país respondesse com o fechamento do Estreito de Ormuz. O Parlamento iraniano já aprovou o fechamento, mas ainda é preciso passar pela avaliação do Conselho Supremo de Segurança Nacional e pelo aiatolá Khamenei para entrar em vigor. Apenas a ameaça do fechamento já se refletiu no aumento do preço do petróleo. Isso porque entre 20% e 30% da produção global do óleo passa por lá. Quase todo o petróleo saudita, grande fornecedor do mundo, é escoado pelo estreito que fica entre o golfo de Omã e o golfo Pérsico. O Estreito de Ormuz é um dos gargalos da navegação internacional e seu fechamento afetaria a oferta do petróleo, o que teria impacto na economia global, inclusive na brasileira.

O que aconteceu neste fim de semana é que mudou a natureza do conflito no Oriente Médico com a entrada dos Estados Unidos, até então era uma guerra de Israel contra o Irã. E Donald Trump deu sinais ambíguos sobre a sua participação. No domingo, após o ataque a três instalações militares, onde seria feito o enriquecimento de urânio, as primeiras manifestações de representantes do governo americano, como o vice-presidente J.D. Vance e o secretário de Defesa, Pete Hegseth, foi no sentido de que essa não era uma guerra para a mudança do regime, que os ataques estavam focados em acabar com a pretensão iraniana de desenvolver armamento nuclear.

Estreito de Ormuz é uma região entre Irã e Omã — Foto: Reprodução/Nasa

O ataque americano ao Irã deixou o mundo mais incerto e isso pode afetar as perspectivas de corte dos juros nos Estados Unidos. Apesar do Banco Central americano, o Fed, ter mantido a taxa na última quarta-feira, havia uma indicação de corte durante o ano. A escalada do conflito no Oriente Médio, no entanto, tem um impacto inflacionário direto. Se o petróleo subir, o repasse para os preços ao consumidor é automático, não é uma discussão. Diferentemente do que acontece no Brasil, em que uma empresa dominante pode segurar os preços, nos EUA a alta do valor do barril chega rapidamente à bomba.

No Brasil, estávamos comemorando a queda da inflação, com o arrefecimento, especialmente, dos preços de alimentos. Os combustíveis tiveram recentemente uma redução do preço, com o recuo no mercado internacional do valor do barril e da cotação do dólar. Agora fica tudo em suspenso. A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, disse na última quarta-feira que ainda não era hora de falar em aumento de preço de combustível. Mas é fato que não há mais perspectiva de novas queda.

O momento é de torcer para que esse cenário não se confirme e essa guerra não vá adiante. Mas os sinais são muito ruins, principalmente pela imprevisibilidade do líder da maior economia do mundo.

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